Procuro formas nas matérias cruas. Matérias essas, aplicadas com o intuito de criar uma nova expressão. Partilho a ideia de Assemblage com os Cubistas, faço-o, com objetos encontrados, e altamente industrializados, como Telhas, assim como, elementos e objetos naturais, são casos, Ossos, Galhos etc.... Esta ideia de Assemblage e Amálgama de matérias naturais ou não naturais, permite-me criar composições paradoxais, onde, elementos orgânicos funcionam, harmonicamente, ao lado de elementos industriais. Utilizo materiais “pobres” e efémeros, alguns dos quais, compõem já algumas das minhas pinturas e colagens, são, no geral, elementos frágeis e instáveis, traduzem a preocupação que mantenho em relação à natureza e ao mundo da arte. Nesta série, procuro dar importância às formas da própria matéria, invés da cor ou da modelação e invenção das mesmas. Dubuffet escreveu o seguinte no texto que definia o artista “Brut”: “Estes artistas derivam de tudo - assuntos, escolha dos materiais, meios de transposição, ritmos, estilos de escrita, etc. - das suas próprias profundezas, e não das concepções da arte clássica ou da arte que está na moda. Nós somos testemunhas de uma operação artística completamente pura, bruta e inteiramente reinventada em todas as suas fases, apenas por meio dos impulsos do próprio artista. ”[1]
[1] Tradução livre – Jean Dubuffet, “Art Brut in Preference to the Cultural Arts” (1949), trans. Paul Foss and Allen S. Weiss, Art and Text 27 (December–February 1988): 31–33.