Projecto Lisa Barbosa | |
File Size: | 353 kb |
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A guerra que nos uniu, 2020
160 x 45 x 300cm
Tecido de algodão tingido manualmente com cascas de cebola amarela e roxa, folhas e cascas de eucalipto, café, beterraba, cevada e caroços de abacate; enchimento com meia areia.
Por muito tempo houve um muro que nos separou mas aquela guerra onde estiveste despertou em ti amarguras que se transformaram em presente, o presente das nossas raízes. Todos nós vivemos com essas cicatrizes e lidamos com elas diariamente enquanto tentamos compreender os seus motivos – só tu as sabes e para sempre só tu e aqueles que lá estiveram, saberão.
Um muro que metaforicamente remete para o passado de gerações antecedentes, gerações que apresentam as suas cicatrizes ainda existentes na construção da sociedade contemporânea portuguesa. Rastos de momentos árduos de distanciamento da pátria mas simultaneamente em defesa aparente dela.
És um resultado dessa ilusão e dessa memória colectiva e eu apenas tento compreender. Assim nos voltamos a unir como os sacos que se tingem uns aos outros, resgatamos a relação inicial e inocente dos meus primeiros anos, volto a ser a menina e tu o avô.
160 x 45 x 300cm
Tecido de algodão tingido manualmente com cascas de cebola amarela e roxa, folhas e cascas de eucalipto, café, beterraba, cevada e caroços de abacate; enchimento com meia areia.
Por muito tempo houve um muro que nos separou mas aquela guerra onde estiveste despertou em ti amarguras que se transformaram em presente, o presente das nossas raízes. Todos nós vivemos com essas cicatrizes e lidamos com elas diariamente enquanto tentamos compreender os seus motivos – só tu as sabes e para sempre só tu e aqueles que lá estiveram, saberão.
Um muro que metaforicamente remete para o passado de gerações antecedentes, gerações que apresentam as suas cicatrizes ainda existentes na construção da sociedade contemporânea portuguesa. Rastos de momentos árduos de distanciamento da pátria mas simultaneamente em defesa aparente dela.
És um resultado dessa ilusão e dessa memória colectiva e eu apenas tento compreender. Assim nos voltamos a unir como os sacos que se tingem uns aos outros, resgatamos a relação inicial e inocente dos meus primeiros anos, volto a ser a menina e tu o avô.
Ninguém come carvão, 2020
Dimensões variáveis
Pão queimado e pregos
2020 e um vírus desenterra questões aparentemente escondidas e com pouco foco.
Ajudas superficiais e limitadas onde emerge a tentativa de silenciar a revolta dos oprimidos. A necessidade é uma premissa em muitos territórios pouco falados, a ajuda é escassa mas surgem cabazes essenciais dizem eles, cabazes simples que resgatam a fúria dos menos iludidos por esta preocupação falsa vinda do alto grupo da hierarquia social.
O pão apresenta-se intacto, imóvel, crucificado. Por muita farinha que haja, por muito pão que se amassa – ninguém come carvão.
Galinha de Campo Não quer Capoeira, 2019
Cerâmica, pasta de modelar, tinta acrílica
Cada elemento tem aproximadamente 20x40x45cm
Consciente ou mesmo inconscientemente, de forma recorrente as minhas experiências artísticas denominam-se num círculo de contexto doméstico e familiar, onde por vezes, pequenos detalhes e representações, carregam sentidos profundos e irónicos.
A autobiografia é a temática predominante no meu trabalho. Não intencionalmente, a memória como conceito ressoa sempre na minha cabeça, as lembranças são algo que emergem à tona inconscientemente e a necessidade de as arquivar em diferentes meios, é constante.
Fazer auto referências nas minhas manifestações torna-se inseparável do resgate aos diferentes elementos que fazem sentido à minha vivência.
Manifestações e objectos que envolvem a memória, a recordação e a construção de uma futura identidade, em constante mudança inevitavelmente. Memorizar é cravar na memória, tentar que permaneça, é uma vaga contrariedade à impermanência. É de certo modo, negar o esquecimento como característica humana. É arquivar e esperar que perdure.
Este conceito de arquivo se limita a uma representação metafórica de cada corpo. Somos grandes mobílias vivas esbordando memórias de experiências, palavras, pensamento e percepções.
As galinhas são um resultado de várias situações familiares ocorridas, onde a perceção instintiva de cada pessoa foi ressaltada. Os comportamentos humanos por vezes fazem semelhança aos animais e as suas diferenças são diluídas. O instinto é mútuo e independentemente da tentativa de dominação deste, as caraterísticas subtis podem ser notadas em diversos momentos. Momentos de raiva, revolta e incompreensão abrem campo para as caraterísticas não controláveis do ser apresentarem-se de forma inconsciente. É este subtil comportamento que incitou o desenvolvimento deste trabalho.
A galinha torna-se também uma consequência, uma representação da nossa sociedade capitalista. Um animal torna-se produto, o campo é utópico e a capoeira é realidade - uma realidade ínfima e escura. Pessoas citadinas e apressadas, consomem de forma citadina e apressada, a galinha é obrigada a isso também. O animal é então uma representação dessa sociedade mas também uma representação do próprio ser que constrói essa sociedade.
A autobiografia é a temática predominante no meu trabalho. Não intencionalmente, a memória como conceito ressoa sempre na minha cabeça, as lembranças são algo que emergem à tona inconscientemente e a necessidade de as arquivar em diferentes meios, é constante.
Fazer auto referências nas minhas manifestações torna-se inseparável do resgate aos diferentes elementos que fazem sentido à minha vivência.
Manifestações e objectos que envolvem a memória, a recordação e a construção de uma futura identidade, em constante mudança inevitavelmente. Memorizar é cravar na memória, tentar que permaneça, é uma vaga contrariedade à impermanência. É de certo modo, negar o esquecimento como característica humana. É arquivar e esperar que perdure.
Este conceito de arquivo se limita a uma representação metafórica de cada corpo. Somos grandes mobílias vivas esbordando memórias de experiências, palavras, pensamento e percepções.
As galinhas são um resultado de várias situações familiares ocorridas, onde a perceção instintiva de cada pessoa foi ressaltada. Os comportamentos humanos por vezes fazem semelhança aos animais e as suas diferenças são diluídas. O instinto é mútuo e independentemente da tentativa de dominação deste, as caraterísticas subtis podem ser notadas em diversos momentos. Momentos de raiva, revolta e incompreensão abrem campo para as caraterísticas não controláveis do ser apresentarem-se de forma inconsciente. É este subtil comportamento que incitou o desenvolvimento deste trabalho.
A galinha torna-se também uma consequência, uma representação da nossa sociedade capitalista. Um animal torna-se produto, o campo é utópico e a capoeira é realidade - uma realidade ínfima e escura. Pessoas citadinas e apressadas, consomem de forma citadina e apressada, a galinha é obrigada a isso também. O animal é então uma representação dessa sociedade mas também uma representação do próprio ser que constrói essa sociedade.