Portefólio online
www.lu-isa.weebly.com
www.lu-isa.weebly.com
Projeto, 2019/2020
Luísa Torres
(ser para dentro)
dentro - origens – ser – intimidade – natureza
Eu sempre gostei de olhar para os mexilhões. São uns pequenos seres interessantes, uns moluscos que habitam o mar mas não tanto, só de vez em quando, e que vivem dentro das suas cápsulas separados da luz e do ar, como que isolados do mundo cá fora. São seres para dentro.
Eu também acho que sou para dentro.
Luísa Torres
(ser para dentro)
dentro - origens – ser – intimidade – natureza
Eu sempre gostei de olhar para os mexilhões. São uns pequenos seres interessantes, uns moluscos que habitam o mar mas não tanto, só de vez em quando, e que vivem dentro das suas cápsulas separados da luz e do ar, como que isolados do mundo cá fora. São seres para dentro.
Eu também acho que sou para dentro.
A necessidade de termos ficado em isolamento deu origem a uma adaptação no meu projeto individual. Numa fase onde todos tínhamos de estar dentro, também nos sentimos mais introspetivos, mais virados para nós próprios. Como um mexilhão.
A minha vontade era transmitir esta sensação, desenvolvendo a mesma linha de pensamento do meu projeto inicial – um projeto de proximidade e de referência na natureza, especialmente com o mar. Tendo de alterar a proposta de trabalho de campo, por impossibilidade, dada a situação, trabalhei inicialmente com elementos que fui recolhendo ao longo do tempo. Revisitei trabalhos, registos fotográficos e desenhos, e trabalhei a partir deles, a partir de dentro. O meu trabalho começou a desenvolver-se a partir das relações que estabeleci entre elementos já existentes, pela sua natureza. O (ser para dentro) significou para mim também isto: reunir tudo aquilo que me faz ser eu, voltar às minhas origens, reconhecer em mim o meu eu.
O meu projeto é fundamentalmente um processo de autorreconhecimento. Um processo íntimo, onde rebusco as minhas vivências passadas, e procuro novas interpretações, novas relações, novas composições. Assim, sempre com inspiração na natureza e nas suas poéticas, procuro trazer ao meu trabalho uma sensação de intimidade, um (dentro) que foi determinado a partir das associações entre os objetos, as imagens, as palavras, os ambientes que tinha presentes, sob diferentes formatos.
Comecei a perceber que facilmente tudo pode ter uma poética associada; todos os elementos naturais fornecem as suas próprias metáforas – coube-me a mim transformá-las, compô-las para transmitir aquilo que me convinha. O (ser para dentro), a origem, o íntimo, pode estar presente nas mais variadas formas: numa semente, numa casca de mexilhão, numa rocha vulcânica, na dança da espuma do mar, no sal e na água salgada, num tronco brotado, na terra.
A observação, a investigação e a experimentação continuam a ser as bases do projeto; mas desta vez viram-se para o interior, de forma intrínseca. O objeto de análise é o (eu), escondido no conforto do dentro da cápsula. Achei importante trazer alguns assuntos já abordados em trabalhos anteriores – a problemática do lugar, a sensação de deslocamento e a minha rosácea – como em “este não é o meu lugar” ou em pontos fracos. São temas que, em conjunto, constroem os diálogos, comunicam, desenham os mapas das minhas origens e do meu desenvolvimento até aqui.
A minha vontade era transmitir esta sensação, desenvolvendo a mesma linha de pensamento do meu projeto inicial – um projeto de proximidade e de referência na natureza, especialmente com o mar. Tendo de alterar a proposta de trabalho de campo, por impossibilidade, dada a situação, trabalhei inicialmente com elementos que fui recolhendo ao longo do tempo. Revisitei trabalhos, registos fotográficos e desenhos, e trabalhei a partir deles, a partir de dentro. O meu trabalho começou a desenvolver-se a partir das relações que estabeleci entre elementos já existentes, pela sua natureza. O (ser para dentro) significou para mim também isto: reunir tudo aquilo que me faz ser eu, voltar às minhas origens, reconhecer em mim o meu eu.
O meu projeto é fundamentalmente um processo de autorreconhecimento. Um processo íntimo, onde rebusco as minhas vivências passadas, e procuro novas interpretações, novas relações, novas composições. Assim, sempre com inspiração na natureza e nas suas poéticas, procuro trazer ao meu trabalho uma sensação de intimidade, um (dentro) que foi determinado a partir das associações entre os objetos, as imagens, as palavras, os ambientes que tinha presentes, sob diferentes formatos.
Comecei a perceber que facilmente tudo pode ter uma poética associada; todos os elementos naturais fornecem as suas próprias metáforas – coube-me a mim transformá-las, compô-las para transmitir aquilo que me convinha. O (ser para dentro), a origem, o íntimo, pode estar presente nas mais variadas formas: numa semente, numa casca de mexilhão, numa rocha vulcânica, na dança da espuma do mar, no sal e na água salgada, num tronco brotado, na terra.
A observação, a investigação e a experimentação continuam a ser as bases do projeto; mas desta vez viram-se para o interior, de forma intrínseca. O objeto de análise é o (eu), escondido no conforto do dentro da cápsula. Achei importante trazer alguns assuntos já abordados em trabalhos anteriores – a problemática do lugar, a sensação de deslocamento e a minha rosácea – como em “este não é o meu lugar” ou em pontos fracos. São temas que, em conjunto, constroem os diálogos, comunicam, desenham os mapas das minhas origens e do meu desenvolvimento até aqui.
livros-objeto
papéis artesanais (papel de urtiga, papel de algas, papel de cana, papel reciclado), troncos e ramos, cascas de cortiça, fotografia s/ papel brilhante, algas desidratadas, sementes de abacate, medronhos desidratados, cascas de mexilhão, sal marinho, terra, pedras parideiras, vidro
dimensões variáveis, peças sensivelmente entre 3,9x4,3x2,2cm e 29,3x15,7x5,59cm
2020
papéis artesanais (papel de urtiga, papel de algas, papel de cana, papel reciclado), troncos e ramos, cascas de cortiça, fotografia s/ papel brilhante, algas desidratadas, sementes de abacate, medronhos desidratados, cascas de mexilhão, sal marinho, terra, pedras parideiras, vidro
dimensões variáveis, peças sensivelmente entre 3,9x4,3x2,2cm e 29,3x15,7x5,59cm
2020
processo de extração do sal marinho, fervendo a água do mar
processo da produção de papel artesanal - diferentes fibras e polpa (urtiga, cana e alga)
as montanhas em mim
água do mar congelada, conchas de mexilhão, algas, sal marinho, areia
dimensões variáveis, peças sensivelmente entre 8,3x8,3x3,4cm e 30,6x11,2x2,4cm (vão derretendo com o tempo)
2020
Focada no conceito de (ser para dentro), em problemáticas e poéticas interiores, as montanhas em mim representam os meus fantasmas e a minha maneira de lidar com eles – interiorizando, congelando. O ato de congelar o mar vem representar, poeticamente, a captura de um momento, a estagnação do tempo, uma tentativa de fuga da realidade. Simultaneamente, esta ideia de paragem, de prisão, remete também para o nosso tempo em isolamento, onde nos virámos para nós próprios.
Só o tempo é capaz de nos libertar. Só o tempo é que deixa derreter o mar. E é o tempo que abre o nosso caminho: as peças vão-se transformando a partir do momento em que as deixo em temperatura ambiente, vão revelando pequenos elementos, pequenos relevos, marcas e formas. Como esculturas involuntárias, mutantes e efémeras.
água do mar congelada, conchas de mexilhão, algas, sal marinho, areia
dimensões variáveis, peças sensivelmente entre 8,3x8,3x3,4cm e 30,6x11,2x2,4cm (vão derretendo com o tempo)
2020
Focada no conceito de (ser para dentro), em problemáticas e poéticas interiores, as montanhas em mim representam os meus fantasmas e a minha maneira de lidar com eles – interiorizando, congelando. O ato de congelar o mar vem representar, poeticamente, a captura de um momento, a estagnação do tempo, uma tentativa de fuga da realidade. Simultaneamente, esta ideia de paragem, de prisão, remete também para o nosso tempo em isolamento, onde nos virámos para nós próprios.
Só o tempo é capaz de nos libertar. Só o tempo é que deixa derreter o mar. E é o tempo que abre o nosso caminho: as peças vão-se transformando a partir do momento em que as deixo em temperatura ambiente, vão revelando pequenos elementos, pequenos relevos, marcas e formas. Como esculturas involuntárias, mutantes e efémeras.
livro de artista "as montanhas em mim"
papel vegetal, fio de coser branco (18,9x11,2x0,1cm) 2020 |
As montanhas em mim são movediças. São comigo e são eu Por fora e para dentro. Nascem de sementes perdidas do passado, Erguem-se em dias de tempestade, Congelam o momento E não me deixam passar. Mas quando sei mergulhar As montanhas em mim também murcham. Colapsam na minha pele e no meu respirar, E enterram-se comigo. As montanhas em mim são silenciosas. Navegam, mas afogam-se no mar. Mas quando abraço as montanhas em mim Sei ser, Sei estar, E sei o meu lugar. |
respirar
vídeo, 1'30'', loop
2020
A espuma vem depois da agitação. É a essência do mar, vai nas marés como quem procura algo. A espuma forma-se no horizonte e navega até nós, até encontrar um porto seguro. Torna visível aquilo que sempre foi presente nas profundezas. Liberta.
A espuma vem depois da agitação, traz a calma e estica como uma pele, ao som do mar.
A espuma parece respirar.
vídeo, 1'30'', loop
2020
A espuma vem depois da agitação. É a essência do mar, vai nas marés como quem procura algo. A espuma forma-se no horizonte e navega até nós, até encontrar um porto seguro. Torna visível aquilo que sempre foi presente nas profundezas. Liberta.
A espuma vem depois da agitação, traz a calma e estica como uma pele, ao som do mar.
A espuma parece respirar.
coisas do mar
2019/2020
papel de algas, conchas (lapas, mexilhões, búzios, madrepérolas), pedras, algas, velella velella, fio de coser
peças variáveis, sensivelmente entre 0,5x2x1cm e 8x18x12cm
Neste trabalho fiz uma recolha de elementos naturais que iam dando à costa na praia e usei-os para construir as minhas peças. Utilizei elementos na sua forma natural e elementos transformados e manipulados por mim, e tentei criar um pequeno ambiente construído pelas várias peças em relação umas com as outras, com a adição da luz direcionada. Estas peças, pela sua pequenez e particularidade, pretendem transportar a mesma sensação que eu tenho ao aproximar-me das rochas junto ao mar, ao ver o que por lá vive, a perceber as composições, as relações entre elementos e espaços. Sugerem um lugar para descobrir.
2019/2020
papel de algas, conchas (lapas, mexilhões, búzios, madrepérolas), pedras, algas, velella velella, fio de coser
peças variáveis, sensivelmente entre 0,5x2x1cm e 8x18x12cm
Neste trabalho fiz uma recolha de elementos naturais que iam dando à costa na praia e usei-os para construir as minhas peças. Utilizei elementos na sua forma natural e elementos transformados e manipulados por mim, e tentei criar um pequeno ambiente construído pelas várias peças em relação umas com as outras, com a adição da luz direcionada. Estas peças, pela sua pequenez e particularidade, pretendem transportar a mesma sensação que eu tenho ao aproximar-me das rochas junto ao mar, ao ver o que por lá vive, a perceber as composições, as relações entre elementos e espaços. Sugerem um lugar para descobrir.
papel de algas
Um processo de recolha das algas, lavagem, cozedura, processamento das fibras e formação das folhas de papel.
Um processo de recolha das algas, lavagem, cozedura, processamento das fibras e formação das folhas de papel.
diários fotográficos
imagens analógicas de referência, que acompanham o processo de trabalho
imagens analógicas de referência, que acompanham o processo de trabalho