Blog pessoal: https://www.behance.net/nery_nery
Série >>>Nery>>>
Para este projecto, pedi a alguns alunos da turma que me trouxesse um objecto pessoal sobre o qual eu iria trabalhar. Interpretei estes objectos através de quem mos deu, tentei compreender os objectos e o que este poderiam significar e a razão pela qual tinha sido escolhidos. Com base nessa analise, fiz uma escultura usando os meus próprios objectos, tentando criar um diálogo entre o oferecido e os objectos usado na peça escultórica.
De seguida criei instruções de como fazer as esculturas em questão e propus a quem me tinha dado os objectos que as seguisse e fizesse portanto a sua respectiva escultura em casa.
Fiz vários desenhos de cada escultura e tatuei um deles na pele da pessoa, criando assim uma marca permanente desta experiência.
Cada um destes percursos foi registado num livro que foi oferecido de volta à pessoa que me deu o objecto inicialmente.
Este projecto foi um diálogo entre mim e cada pessoa que nele participou, uma troca constante de intenções através da escultura e não só.
Para este projecto, pedi a alguns alunos da turma que me trouxesse um objecto pessoal sobre o qual eu iria trabalhar. Interpretei estes objectos através de quem mos deu, tentei compreender os objectos e o que este poderiam significar e a razão pela qual tinha sido escolhidos. Com base nessa analise, fiz uma escultura usando os meus próprios objectos, tentando criar um diálogo entre o oferecido e os objectos usado na peça escultórica.
De seguida criei instruções de como fazer as esculturas em questão e propus a quem me tinha dado os objectos que as seguisse e fizesse portanto a sua respectiva escultura em casa.
Fiz vários desenhos de cada escultura e tatuei um deles na pele da pessoa, criando assim uma marca permanente desta experiência.
Cada um destes percursos foi registado num livro que foi oferecido de volta à pessoa que me deu o objecto inicialmente.
Este projecto foi um diálogo entre mim e cada pessoa que nele participou, uma troca constante de intenções através da escultura e não só.
Dentro de casa não chove
Esta peça foi realizada durante a quarenta e partiu precisamente da noção de estarmos todos afastados.
Usei objectos domésticos que me parecesse que todos teriam em casa. A peça é acompanhada de instruções que permitem que outras pessoas em quarentena as interpretem como bem acharem e a façam em sua casa. Mostra como até os objectos mais banais do dia a dia têm potencial para serem óptimos materiais escultóricos.
Qual melhor sítio ou situação para perder horas a tentar equilibrar materiais, experimentar tensões e explorar objectos pela primeira vez, do que uma quarentena geral em que ninguém pode sair de casa.
Esta peça foi realizada durante a quarenta e partiu precisamente da noção de estarmos todos afastados.
Usei objectos domésticos que me parecesse que todos teriam em casa. A peça é acompanhada de instruções que permitem que outras pessoas em quarentena as interpretem como bem acharem e a façam em sua casa. Mostra como até os objectos mais banais do dia a dia têm potencial para serem óptimos materiais escultóricos.
Qual melhor sítio ou situação para perder horas a tentar equilibrar materiais, experimentar tensões e explorar objectos pela primeira vez, do que uma quarentena geral em que ninguém pode sair de casa.
Série Assento
Este projecto baseia-se em objectos que servem para nos sentarmos, uma cadeira, um banco e um banco de engraxar sapatos, não nos sendo possível tal funcionalidade. Explora relações, equilíbrios, tensões e simetrias.
Este projecto baseia-se em objectos que servem para nos sentarmos, uma cadeira, um banco e um banco de engraxar sapatos, não nos sendo possível tal funcionalidade. Explora relações, equilíbrios, tensões e simetrias.
Nery
Depois da apropriação
Sinopse
O meu trabalho consiste em utilizar objectos que são considerados pelas pessoas como lixo e dar-lhes novamente vida. Eu experimento com os objectos, interligo-os e crio relações entre eles. Este semestre tentei também explorar métodos de ligação entre eles e esse foi um dos meus focos principais. Para além de os equilibrar e relacionar, tentei criar peças mais permanentes e estáveis, peças mais “finalizadas”.
Desenvolvimento
Este semestre o meu trabalho começou à volta de um estendal que já se encontrava no atelier e foi deixado do ano passado. Pareceu-me um objecto interessante por ser grande e estável e poder suportar vários objectos mais pequenos. Contudo, depois de várias semanas à volta dele decidi deixá-lo, pus-lhe um lençol vermelho por cima para não olhar mais para ele e passei para novos objectos.
Entretanto, tinha já adquirido vários objectos e comecei a organizá-los numa prateleira, formando uma hierarquia para perceber os objectos de que mais gostava e que queria que tivessem mais destaque nas peças. Esta prateleira ajudou-me a perceber quais eram os objectos que eu pretendia enaltecer nas obras e aqueles que pelo contrário serviriam como objectos de suporte aos principais e não iriam ter um papel de tanta predominância visual. Esta hierarquia criada por mim foi mudando consoante os objectos ganhavam ou perdiam valor para mim e consoante os ia usando em peças novas e destruindo outras.
Para além da minha prateleira de objectos, este semestre comecei a experimentar novos métodos de ligação entre as peças. Comecei por fazer algumas tranças com fio de algodão e acabei por também experimentar o crochet. Tentei introduzir estes elementos em novas experiências mas não fiquei nunca muito satisfeita. Assim, acabei por utilizar os nós. Experimentei vários tipos de nós da marinha, uns que já conhecia e outros novos, e acabei por mudar do fio de algodão para o fio de estendal. Penso que esta mudança de material também veio muito mais ao encontro da linguagem das minhas peças visto que o fio de estendal é um material industrial e forte, em comparação com o fio de algodão que é demasiado fino e delicado para os meus objectos, uma vez que provém de uma esfera doméstica, e não ficava em ressonância com os materiais e objectos que investigo.
Até este ponto, tenho duas peças que considero finalizadas. Uma delas é composta por um disco de travão de um carro, um banco sem acento, uma peça de chuveiro, fios eléctricos e uma tripla meia partida. Todos estes objectos foram encontrados por acaso, à excepção dos fios eléctricos que adquiri na feira da Vandoma e tinham já o propósito de serem elementos de ligação. O resto da peça foi surgindo por tentativa erro e acabou por ter um eixo de simetria vertical que me agrada bastante nela. Também a tonalidade da peça (todos os seus elementos são branco sujo ou beje) me parece um elemento que unifica todas as suas partes.
A outra peça que tenho finalizada é constituída por a estrutura de uma cadeira de praia e uma trave de metal com furos; usei o fio de estendal para unir a peça à parede e criar o seu equilíbrio. Relacionar as peças à parede é uma coisa que quero fazer desde que estava a trabalhar sobre o estendal e comecei a testar isso com os fios eléctricos, tentando já introduzir as fichas numa tomada da parede. Apesar disso, a peça em que usei os fios eléctricos acabou por não estar em contacto com nenhuma parede, mas sim com o tecto, e o elemento que tenho nesta segunda peça que está em contacto com a parede é o fio de estendal.
Para além destas duas peças, estou a trabalhar com persianas, mais uma vez, e estou a tentar criar uma forma de as unir, encaixar ou fazer com que se aguentem em pé. Ainda não tenho nada finalizado com elas, mas já testei nós nelas e equilíbrios com três persianas de cada vez. Contudo o que mais me agrada para já é pô-las ao alto, mas estando elas de lado e criando uma espécie de biombos. Tenho persianas de vários tamanhos e acho que tirando partido disso nesta forma de montar consigo atingir resultados bastante interessantes, não sei se é uma peça em si mas pode ser uma definição de espaço, um enquadramento para outra peça.
Por último, estou também a criar uma peça com base em dois limpa pára brisas que eram os do meu carro. Estou a fazer experiências, usando fios do sistema eléctrico de um aquecedor estragado e criando uma espécie de mobile. Nesta peça estou a testar equilíbrios de uma forma bastante tradicional e como os meus objectos são todos bastante pesados isso está a tornar-se deveras complicado. Penso que esta peça está ainda muito no início e, portanto, não estará pronta até ao final do semestre.
Este semestre tentei ser mais racional e ponderada, reflectir sobre o meu trabalho, também para me tentar perceber melhor, mas principalmente para transmitir essa informação aos professores. Concluí, contudo, que não o posso fazer porque quando me afasto e começo a pensar na teoria do trabalho, já não estou a ser quem o faz, mas sim quem o critica; e isso não é verdadeiro ao meu método que é fundamentalmente intuitivo. Se fico sentada a criticar o que faço, acabo por não fazer mais nada, fico bloqueada, e dessa forma não consigo produzir. Percebi, ou voltei a perceber, que o meu trabalho em escultura é um trabalho físico, um trabalho de acção. Não pode ser planeado ou pensado antes de ser começado porque eu perco interesse nos objectos e nas construções que faço quanto mais tempo fico a pensar como as devia fazer ou melhorar. Quando isso acontece, acabo por desfazer tudo o que fiz até àquele ponto. O meu trabalho é sobre enaltecer estes objectos que eu encontro, dar-lhes outro contexto. É sobre testar composições, testar relações e fazer o que sinto que devia fazer no momento em que estou no atelier a trabalhar. É fazer, reflectindo o mínimo possível.
Referências
June Crespo
Erwin Wurn
Ana Santos
Taiyo Onorato & Nico Krebs
Monika Sosnowska
Movimento do novo realismo
Os meus artistas de referência utilizam todos materiais velhos, industriais ou até mesmo lixo, realizando esculturas em que os interligam ou organizam de forma particular.
Considero que o meu trabalho tem uma teoria comum com a dos novos realistas, uma vez que foi um período em que os materiais do lixo passaram a ser vistos com outros olhos, a ser considerados interessantes e até possivelmente arte.
Outras informações relevantes
Tutora – Joana BC
Depois da apropriação
Sinopse
O meu trabalho consiste em utilizar objectos que são considerados pelas pessoas como lixo e dar-lhes novamente vida. Eu experimento com os objectos, interligo-os e crio relações entre eles. Este semestre tentei também explorar métodos de ligação entre eles e esse foi um dos meus focos principais. Para além de os equilibrar e relacionar, tentei criar peças mais permanentes e estáveis, peças mais “finalizadas”.
Desenvolvimento
Este semestre o meu trabalho começou à volta de um estendal que já se encontrava no atelier e foi deixado do ano passado. Pareceu-me um objecto interessante por ser grande e estável e poder suportar vários objectos mais pequenos. Contudo, depois de várias semanas à volta dele decidi deixá-lo, pus-lhe um lençol vermelho por cima para não olhar mais para ele e passei para novos objectos.
Entretanto, tinha já adquirido vários objectos e comecei a organizá-los numa prateleira, formando uma hierarquia para perceber os objectos de que mais gostava e que queria que tivessem mais destaque nas peças. Esta prateleira ajudou-me a perceber quais eram os objectos que eu pretendia enaltecer nas obras e aqueles que pelo contrário serviriam como objectos de suporte aos principais e não iriam ter um papel de tanta predominância visual. Esta hierarquia criada por mim foi mudando consoante os objectos ganhavam ou perdiam valor para mim e consoante os ia usando em peças novas e destruindo outras.
Para além da minha prateleira de objectos, este semestre comecei a experimentar novos métodos de ligação entre as peças. Comecei por fazer algumas tranças com fio de algodão e acabei por também experimentar o crochet. Tentei introduzir estes elementos em novas experiências mas não fiquei nunca muito satisfeita. Assim, acabei por utilizar os nós. Experimentei vários tipos de nós da marinha, uns que já conhecia e outros novos, e acabei por mudar do fio de algodão para o fio de estendal. Penso que esta mudança de material também veio muito mais ao encontro da linguagem das minhas peças visto que o fio de estendal é um material industrial e forte, em comparação com o fio de algodão que é demasiado fino e delicado para os meus objectos, uma vez que provém de uma esfera doméstica, e não ficava em ressonância com os materiais e objectos que investigo.
Até este ponto, tenho duas peças que considero finalizadas. Uma delas é composta por um disco de travão de um carro, um banco sem acento, uma peça de chuveiro, fios eléctricos e uma tripla meia partida. Todos estes objectos foram encontrados por acaso, à excepção dos fios eléctricos que adquiri na feira da Vandoma e tinham já o propósito de serem elementos de ligação. O resto da peça foi surgindo por tentativa erro e acabou por ter um eixo de simetria vertical que me agrada bastante nela. Também a tonalidade da peça (todos os seus elementos são branco sujo ou beje) me parece um elemento que unifica todas as suas partes.
A outra peça que tenho finalizada é constituída por a estrutura de uma cadeira de praia e uma trave de metal com furos; usei o fio de estendal para unir a peça à parede e criar o seu equilíbrio. Relacionar as peças à parede é uma coisa que quero fazer desde que estava a trabalhar sobre o estendal e comecei a testar isso com os fios eléctricos, tentando já introduzir as fichas numa tomada da parede. Apesar disso, a peça em que usei os fios eléctricos acabou por não estar em contacto com nenhuma parede, mas sim com o tecto, e o elemento que tenho nesta segunda peça que está em contacto com a parede é o fio de estendal.
Para além destas duas peças, estou a trabalhar com persianas, mais uma vez, e estou a tentar criar uma forma de as unir, encaixar ou fazer com que se aguentem em pé. Ainda não tenho nada finalizado com elas, mas já testei nós nelas e equilíbrios com três persianas de cada vez. Contudo o que mais me agrada para já é pô-las ao alto, mas estando elas de lado e criando uma espécie de biombos. Tenho persianas de vários tamanhos e acho que tirando partido disso nesta forma de montar consigo atingir resultados bastante interessantes, não sei se é uma peça em si mas pode ser uma definição de espaço, um enquadramento para outra peça.
Por último, estou também a criar uma peça com base em dois limpa pára brisas que eram os do meu carro. Estou a fazer experiências, usando fios do sistema eléctrico de um aquecedor estragado e criando uma espécie de mobile. Nesta peça estou a testar equilíbrios de uma forma bastante tradicional e como os meus objectos são todos bastante pesados isso está a tornar-se deveras complicado. Penso que esta peça está ainda muito no início e, portanto, não estará pronta até ao final do semestre.
Este semestre tentei ser mais racional e ponderada, reflectir sobre o meu trabalho, também para me tentar perceber melhor, mas principalmente para transmitir essa informação aos professores. Concluí, contudo, que não o posso fazer porque quando me afasto e começo a pensar na teoria do trabalho, já não estou a ser quem o faz, mas sim quem o critica; e isso não é verdadeiro ao meu método que é fundamentalmente intuitivo. Se fico sentada a criticar o que faço, acabo por não fazer mais nada, fico bloqueada, e dessa forma não consigo produzir. Percebi, ou voltei a perceber, que o meu trabalho em escultura é um trabalho físico, um trabalho de acção. Não pode ser planeado ou pensado antes de ser começado porque eu perco interesse nos objectos e nas construções que faço quanto mais tempo fico a pensar como as devia fazer ou melhorar. Quando isso acontece, acabo por desfazer tudo o que fiz até àquele ponto. O meu trabalho é sobre enaltecer estes objectos que eu encontro, dar-lhes outro contexto. É sobre testar composições, testar relações e fazer o que sinto que devia fazer no momento em que estou no atelier a trabalhar. É fazer, reflectindo o mínimo possível.
Referências
June Crespo
Erwin Wurn
Ana Santos
Taiyo Onorato & Nico Krebs
Monika Sosnowska
Movimento do novo realismo
Os meus artistas de referência utilizam todos materiais velhos, industriais ou até mesmo lixo, realizando esculturas em que os interligam ou organizam de forma particular.
Considero que o meu trabalho tem uma teoria comum com a dos novos realistas, uma vez que foi um período em que os materiais do lixo passaram a ser vistos com outros olhos, a ser considerados interessantes e até possivelmente arte.
Outras informações relevantes
Tutora – Joana BC