PORTEFÓLIO ONLINE
TUTORA: Joana BC
TUTORA: Joana BC
Bolonha,
Outubro de 2019
Outubro de 2019
Ao reparar bem nas rotinas e nas relações, minhas e das que me rodeavam, percebi que as ações que pratico são essencialmente bastante redondas. O pensamento circula, não estagna.
A ordem repete-se vezes e vezes sem conta, tanto que quase grita por atenção.
Na ultima reflexão que fiz pedi descanso. Continuo cansada.
As ações são realmente circulares. Existe um peso que desgasta, o trabalho ergue-se, gera-se mas chega a um fim, tornando necessária uma cura.
Durante o ano deparei-me com o conceito do UNHEIMLICH (o “sentimento de algo ameaçadoramente estranho”, Freud). Revi-me imediatamente nele. A ideia de confundir o “mundo real” com universos paralelos, fantásticos tão bem que desperta a confusão entre a atração e a repulsa. Diluir estes dois mundos para que quase não haja diferença tornou-se o meu foco. Extinguir a linha que os separa até mergulhar no sonho. O imaginário materializa-se, é tão real que se torna real.
Cada vez mais consigo perceber como isso está presente no trabalho que faço, que não deixa nunca de estar ligado à forma como vivo.
Não tenho segredos, a historia já se encontra (aparentemente) escrita porque é na intuição que encontro a verdade.
A ordem repete-se vezes e vezes sem conta, tanto que quase grita por atenção.
Na ultima reflexão que fiz pedi descanso. Continuo cansada.
As ações são realmente circulares. Existe um peso que desgasta, o trabalho ergue-se, gera-se mas chega a um fim, tornando necessária uma cura.
Durante o ano deparei-me com o conceito do UNHEIMLICH (o “sentimento de algo ameaçadoramente estranho”, Freud). Revi-me imediatamente nele. A ideia de confundir o “mundo real” com universos paralelos, fantásticos tão bem que desperta a confusão entre a atração e a repulsa. Diluir estes dois mundos para que quase não haja diferença tornou-se o meu foco. Extinguir a linha que os separa até mergulhar no sonho. O imaginário materializa-se, é tão real que se torna real.
Cada vez mais consigo perceber como isso está presente no trabalho que faço, que não deixa nunca de estar ligado à forma como vivo.
Não tenho segredos, a historia já se encontra (aparentemente) escrita porque é na intuição que encontro a verdade.
“Há uma vida atrás da vida, uma irrealidade presente à realidade,
mundo das formas de névoa, mundo incoercível e fugidio,
mundo da surpresa e do aviso.”
mundo das formas de névoa, mundo incoercível e fugidio,
mundo da surpresa e do aviso.”
Virgílio Ferreira, “Aparição” (1959)
Continuo a procurar o espaço no objeto. O espaço visto, vivido.
Entendo (por experiência) que este é alcançado através da ação e portanto não tenho escolha senão ativá-lo para que a distância entre o interior e o exterior se materialize (Winnicott, o Objeto Transicional e o Espaço Potencial).
O ambiente ajuda. Pretendo reformar o caseiro ao apropriar-me do mobiliário.
Entendo (por experiência) que este é alcançado através da ação e portanto não tenho escolha senão ativá-lo para que a distância entre o interior e o exterior se materialize (Winnicott, o Objeto Transicional e o Espaço Potencial).
O ambiente ajuda. Pretendo reformar o caseiro ao apropriar-me do mobiliário.
l
Ainda sinto alguém a magoar-me nas costas,
entre as costelas.
Quando começo a esquecer ela lembra-me.
< a Rita e a Julieta compõem o trabalho >
O medo é um ser bravo com escritos codificados. O meu chama-se Julieta. Naquele momento não reagi. Tornei-me passiva e deixei-me imóvel mais uma vez. Rendida a este aperto arrasador que adormece qualquer resto de vida. Vida é movimento. Já te chamei movimento. Estimo o meu medo, abro espaço para ele viver e cuido-o quando perde tinta nas patas. Levo-a para todo lado ultimamente. Rapidamente me rendo a ela e depois não me mexo mais. Qualquer reflexo é controlado pelo peso do seu corpo. O mesmo peso que ela me crava nas costas. |
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A REALIDADE É CONCEDIDA PELO ENGANO
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Pela Rafa, a Nery, a Vilaça, a Lu, a Andreia e o Ed.
A dona Fernanda, a Celeste e a Laurinda.
Obrigada.
A dona Fernanda, a Celeste e a Laurinda.
Obrigada.
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TODOS SOMOS PALHAÇOS
(cada um como cada qual)
< o Chapado e o Interessado >
O CHAPADO
(quase apagado)
(quase apagado)
Contempla confuso confinado
à sua consciência
circularmente criativa.
Perdeu o olho numa viagem.
Pousou-o e alguém o levou.
à sua consciência
circularmente criativa.
Perdeu o olho numa viagem.
Pousou-o e alguém o levou.
O INTERESSADO
(quase apaixonado)
(quase apaixonado)
Não aguenta o peso no peito.
Quase desfalece no lugar.
Não pensa em mais nada.
Derrete-se em cada movimento circular a que se obriga.
Foi a primeira vez que a viu.
Quase desfalece no lugar.
Não pensa em mais nada.
Derrete-se em cada movimento circular a que se obriga.
Foi a primeira vez que a viu.
+
Esse quase apaixonado secou e lentamente se foi rachando.
Não foi negligência porque a atenção que lhe dava nunca mudou. Mudou ele.
Quando voltei estava dividido em tantos pedaços quanto eu e foram necessárias
umas belas horas de trabalho meticuloso para restaurar esta figura pia.
O Chapado repete-se só.
Perde-se entre tempos e lugares, porque a realidade é tão maleável quanto cada um quer que seja.
Esse quase apaixonado secou e lentamente se foi rachando.
Não foi negligência porque a atenção que lhe dava nunca mudou. Mudou ele.
Quando voltei estava dividido em tantos pedaços quanto eu e foram necessárias
umas belas horas de trabalho meticuloso para restaurar esta figura pia.
O Chapado repete-se só.
Perde-se entre tempos e lugares, porque a realidade é tão maleável quanto cada um quer que seja.
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IV
Nada é permanente, tudo muda.
A persistência é vital.
< os tais >
… E eles dançam até não poderem mais.
Afogam o que podem, mesmo quando não devem. … Abraçam … E agarram-se a esta ideia preciosa, ubíqua, que ainda não perceberam muito bem. |
V
EXPLORAÇÕES SUPERFICIAIS
DE QUESTÕES EMERGENTES
<do Coletivo Celestial>
- Temos de ter a consciência de um mundo global: “ativos mas sem grande euforia”.
- Temo subir degraus quando não sei quem os construiu.
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- O tempo apodrece as ações. Planear envelhece o ato antes de ele nascer.
- Os outros são espelhos, de mim fazem pinturas alegóricas de leitura fechada.
- A composição do “sorriso interessado” baseia-se tanto na intuição como na premeditação racional cujas proporções variam consoante o suporte e os meios. Elas são o que se vê.
- Tudo flui como água, não há tempo de agarrar o que seja.
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- A espera é pouca quando não procuras.
E eles entendem, enfim.
DERMA - DCAL 0.5 - Co-VIDA editions
VI
PEQUENAS BELEZAS
<uns palhacitos em àcidos>
“(…) ilusão que nao quer ser mais que isso.”
(V.F, Aparição)
(V.F, Aparição)
E sem que o esperes ele chega, triunfante, para arrasar qualquer leveza que pudesse ter sido.
Aquelas horas largas de ar saturado que enchem os pulmões e me entopem a garganta começam de manhã.
Preparo-me para a consciência perante olhos cansados.
É tudo impar.
Aquelas horas largas de ar saturado que enchem os pulmões e me entopem a garganta começam de manhã.
Preparo-me para a consciência perante olhos cansados.
É tudo impar.
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VII
AS MENINAS.
< nós >
Não falo sem ti.
Quando o faço engasgo-me,
Prende-se-me a fala.
Mexemo-nos juntas, paramos em sintonia.
Começo a desconfiar a tua existência. E a minha.
Quando o faço engasgo-me,
Prende-se-me a fala.
Mexemo-nos juntas, paramos em sintonia.
Começo a desconfiar a tua existência. E a minha.
- Algum vómito. Tempo de trovão estraga a sopa.
É mau Rita, é mau.
É mau Rita, é mau.
AS MENINAS dançam.
VIII
DOS QUE ESPERAM.
< alguns arlequins. Entre eles uma joana e duas catarinas >
Pratica os movimentos até a a dança te parecer natural. Dança como respiras: sem esforço.
Enfim tornas-te na própria melodia, livre. |
Tão livre como quem te puxa as cordas. Porque sem esses não haveriam movimentos, entendiam-te cativo.
Pensa-te livre. Relembra-te marioneta, do tempo, dos lugares. |
Se pensares numa laranja deixas de soluçar.
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VIII.I
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ACABEI,
ponto final parágrafo.
ponto final parágrafo.